Calçada na avenida Mauro Ramos, em frente ao Instituto, com cerca de vinte participantes sentados, enfileirados, desenhando

Uma conversa sobre desenhar, fotografar e caminhar pela cidade

Florianópolis é um labirinto de asfalto que você observa da janela do carro ou é um espaço por onde você anda com confiança? Seu bairro lhe é familiar ou você se sente excluído?

Os participantes da roda de conversa Vitalidade urbana: iniciativas que se apropriam do espaço público através do desenho, da fotografia e da caminhada, no próximo sábado no Centro Cultural Veras, vão discutir a apropriação do espaço urbano através das três iniciativas que eles organizam:

  • Urban Sketchers Florianópolis, que promove encontros de desenho de observação em vários lugares da cidade. Apresentada por Carol Grilo e eu.
  • Caminhada Jane Jacobs, cujos passeios promovem a mobilidade e a história da cidade. Apresentada por Guga Andrade.
  • Atenuacidade, que registra a paisagem urbana e cultural em fotos e textos. Apresentada por Guto Lima.

Quem são

Carol Grilo é arquiteta e urbanista, formada pela UFSC. É professora de bordado contemporâneo e artista têxtil em sua marca FofysFactory. Além de ilustradora, mantém a prática do desenho de observação da cidade coordenando o grupo Urban Sketchers Florianópolis.

Eu, Ivan Jerônimo, sou coordenador de UX Design na Fundação Certi, instituição de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Sou formado em Jornalismo pela UFSC. Hoje, mantenho o desenho de observação como prática regular, tanto em projetos pessoais como nos encontros do Urban Sketchers Florianópolis.

Guga Andrade é arquiteto, professor de urbanismo na Udesc e atualmente é presidente do IAB/SC. Foi um dos fundadores e desde 2013 coordena o coletivo pedestre Caminhada Jane Jacobs Floripa, participando do debate urbano de Florianópolis.

Guto Lima é graduado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, e pós-graduado (MBA) em Comunicação Eleitoral e Marketing Político. Atua há mais de vinte anos com produção cultural. Desde 2018, tem fotografado as cidades por onde anda, principalmente Florianópolis e seu centro histórico. A partir daí, surgiu o projeto Atenuacidade, que retrata a paisagem urbana e cultural, acompanhado de textos, com o objetivo de resgatar a memória e o patrimônio histórico da cidade.

O Veras

A roda de conversa Vitalidade Urbana é parte da programação do Centro Cultural Veras para o sábado (19/8), que também inclui feira e oficinas.

Convite para a roda de conversa “Vitalidade urbana”

O programa do Veras é estruturado sobre arte, yoga, educação e sustentabilidade. Em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), realiza exposições, debates e seminários, residências de artistas e educadores, espetáculos, práticas de asanas, meditação com mantras e kirtans, festivais de bhakti, ateliês e cursos livres, cultivos de sistemas agroflorestais, atividades de educação e segurança alimentar.


Serviço

  • Roda de conversa Vitalidade Urbana: iniciativas que se apropriam do espaço público através do desenho, da fotografia e da caminhada.
  • Participantes: Carol Grilo e Ivan Jerônimo (Urban Sketchers Florianópolis), Guga Andrade (Caminhada Jane Jacobs) e Guto Lima (Atenuacidade).
  • Sábado, 19 de agosto de 2023, às 15h
  • Centro Cultural Veras, sala Bhaktivedanta
  • Rua Vera Linhares de Andrade, 2064, Córrego Grande, Florianópolis, SC (mapa)

Comentários

6 respostas para “Uma conversa sobre desenhar, fotografar e caminhar pela cidade”

  1. Fabricio Chiquio Boppré

    https://ivanjeronimo.com.br/2023/08/13/evento-com-urban-sketchers-discute-apropriacao-da-cidade/

    Mas que legal! É um assunto que muito nos interessa. Estaremos lá para ouvi-los. E quem sabe estendemos a conversa depois em algum lugar? Faz tempo que não nos vemos!

    Sobre a experiência de viver em uma cidade, dia desses eu conversava com uma pessoa que me dizia que na cidade onde ela mora (Brasília) ela não sai mais para caminhar na rua depois das 19h por causa da insegurança. Que loucura, pensei, isso para mim é inconcebível. Seria como viver em um local onde você é um intruso, não é bem-vindo. Viver em um tal lugar me faria desenvolver depressão rapidinho. E não que em Florianópolis possamos circular em qualquer lugar a qualquer hora, mas de modo geral não abro mão de caminhar pois acho que desistir disso é tipo admitir a derrota — é admitir que perdemos o direito a essa coisa básica e elementar, que é a posse do espaço público. Deveríamos fazer um esforço para evitar essa derrota.

    (E claro que digo tudo isto consciente do meu privilégio de classe média de poder escolher onde morar. No Brasil suponho que na maioria das grandes cidades nada disso está mais em negociação, infelizmente.)

    Em tempo: estou lendo aquele livro do David Byrne, “Diários de bicicleta”, que é basicamente sobre todos esses assuntos mencionados acima. É interessante, tem algumas boas reflexões, mas também algumas meio genéricas e superficiais. Vou terminar antes de dizer se recomendo ou não, hehehe.

    1. Fabricio Chiquio Boppré

      Ops, ficou a URL do post sem querer ali no começo, não sei bem como! (E para não ficar um comentário inútil, agora sim uma recomendação convicta de leitura sobre cidades e caminhadas: “Wanderlust”, de Rebecca Solnit.)

      1. Não conheço esse livro, Wanderlust. Estamos com um “Caminhar – Uma filosofia”, de Frédéric Gross, que parece ser um pouco dentro do tema (ainda não o li). E Carol acabou de ler Flâneuse, de Laurel Elkin.

    2. Oi, Fabricio!

      Tem razão: seria muito ruim não poder andar pela cidade onde você mora, seja por insegurança, seja por sentir que você não é bem vindo. Acho que mesmo aqui em Florianópolis há bairros e bairros, com níveis diferentes de investimento do poder público em infraestrutura e policiamento que protege o morador no lugar de ameaçá-lo.

      No geral, se eu vejo criança brincando na rua, pra mim é um lugar tranquilo. Mas tem região que as calçadas são desertas, mesmo de dia.

      Carol me deu esse livro do David Byrne há vários anos. Vou folhear de novo, faz muito tempo que o li.

      1. Fabricio Chiquio Boppré

        O que eu penso é que algum esforço de nossa parte — esforço que não aguarde pelas condições perfeitas de segurança e mobilidade — seria também bem vindo, o esforço de nos apropriarmos (para usar uma palavra que está no nome do evento) do espaço que nos pertence, e não nos deixar contaminar por esta paranóia de que a rua é inóspita, a noite é insegura, etc. Porque esperar unicamente pelo poder público pode ser uma furada; é evidente que não defendo a ideia de “estado mínimo”, mas minha experiência de caminhante pelo mundo me sugere que muitas vezes é o comportamento dos cidadãos que aponta as soluções, as políticas, etc. Caminhar e ocupar as ruas com corpos e eventos é uma forma de declarar o que precisamos e queremos. O contrário também.

        Em outras palavras, mais gente devia sair para caminhar de manhã cedo, mesmo que esteja muito frio, ao invés de caminhar sobre uma esteira rolante enclausurado em uma academia fechada. Tenho certeza que concordas comigo, hehehe.

        (Esse livro do Frédéric Gross é ótimo, eu o li! Outro francês, Michel Onfray, escreveu um “Teoria da Viagem” que tem também algumas boas passagens.)

        1. Acho que é essa a palavra: esforço. Não o esforço físico de trocar o carro pelas pernas, mas a pequena e difícil mudança de hábito. De se movimentar com uma velocidade compatível com nossa capacidade de atenção. De que os encontros de coincidência deixem de ser uma mera buzinada e se tornem oportunidades de resgatar uma conversa.

          Eu, que transito pelo menos três vezes por semana do Córrego à UFSC, me pego pensando como o carro é um incômodo nessas distâncias curtas que passam por bairros residenciais. Existe o perigo de ser atropelado, claro, e há também o barulho e a poluição sonora. Ultimamente, parece que o único motivo que leva as pessoas a andarem a pé no bairro é a necessidade do cachorro.

          Voltando ao assunto dos livros, já ouvi falar do Michael Onfray, mas nunca li nada. Obrigado pela dica. Tem um livro de que gosto muito, que não é exatamente sobre caminhada, mas o autor vai narrando fatos e memórias enquanto percorre (se me lembro bem) a costa da Inglaterra: Anéis de Saturno, de W. G. Sebald. Esse eu tenho, caso queiras emprestado.

          Obrigado pelos comentários/troca de ideias!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *