Seis coisas que fizeram de 2018 um ano menos ruim

Retrospectiva é aquele tipo de exercício em que você relembra o que achou mais importantes mas quem lê, discorda. Mesmo assim, escrevo fatos interessantes que ocorreram em 2018, ao menos no campo da caligrafia e afins (já que na política e economia, convém poupar o fígado).

Mais oficinas

Participantes da sexta edição da oficina Caligrafia Livre, em fevereiro

Foram duas edições da oficina Caligrafia Livre na Faferia em 2018, ano em que dei menos cursos para me dedicar a outros projetos. Porém, sempre fico surpreso ao ver como um plano de aula se adapta aos participantes. É uma oficina em que os inscritos aprendem as bases dos três estilos que considero mais relevantes, além de testar instrumentos e ver dicas de composição. Se quiser se aventurar em meio a penas, pincéis e nanquim, em fevereiro tem nova edição.

Caligrafia na academia

Que tal trinta participantes em vez de dez? Foto: Mary Meürer

Tive a felicidade de receber um convite de Mary Meürer, professora do curso de Design da UFSC, para dar uma edição da oficina Caligrafia Livre aos estudantes da sua disciplina de tipografia. Confesso que fiquei meio nervoso. De uma só tacada, tinha o triplo de alunos e quase metade do tempo das oficinas da Faferia. A aula foi em setembro, na mesma universidade em que me formei há vinte anos.

Deixei os materiais tradicionais de lado e vimos que, mesmo com um instrumento improvisado como o hashi (palitinho japonês) chegamos a resultados criativos. Para isso, escrevi cinco modelos de letras e fui dando as dicas individualmente, tentando não interferir no estilo de cada um. No fim, o pessoal experimentou o pincel oriental, a pena quadrada e o tira-linhas (incluindo os do Dreaming Dogs). E ainda deu tempo de ver variações de composição, que eu sempre digo que fazem diferença.

Encontros de letras

Pati Peccin apresenta o livro Arquipélago (em coautoria com Demétrio Panarotto) na 11a edição do Café com Serifa

Em 2018 chegamos à 12ª edição do Café com Serifa, encontro de caligrafia, lettering e type design que organizo no Tralharia, no Centro de Florianópolis. No ano, foram quatro edições desse evento que nasceu para ser só um happy hour de quem trabalha com letras, mas que também virou um espaço para apresentar projetos. Tivemos caligrafia árabe, novas tipografias, experiências na Coreia do Sul, ilustração e fechamos o ano com nosso tradicional amigo-secreto de cartões postais.

Homenagem merecida

Impressos e clichês produzidos da editora Noa Noa, de Cleber Teixeira


Às vezes precisa uma exposição para transmitir a ideia de uma obra – um conjunto de artefatos feitos com o mesmo propósito e atenção, coerente no tempo. A mostra Editora Noa Noa e Cleber Teixeira trouxe as publicações em tipografia e gravura do editor e poeta, falecido em 2013, complementada com as máquinas e instrumentos necessários para imprimi-las – impressoras tipográficas, caixas de tipos e matrizes.

Analisando as obras, fica claro o cuidado na produção dos livros. Os autores e as cartas expostas revelam a quantidade de artistas, escritores e tradutores que publicou, gente de importância nacional. Mostram também como a casa dele foi espaço de conversas onde provavelmente começaram muitos projetos. A exposição ficou de setembro a outubro no Museu Histórico de Santa Catarina, no Palácio Cruz e Sousa. O documentário Cleber e a Máquina é uma boa introdução e pode ser visto online. Existe ainda um projeto para transformar a biblioteca de Teixeira em espaço público.

Que venham mais livros

Dois livros de caligrafia editados em 2018 (topo) se somaram à onda recente de títulos sobre o assunto

Demorou, mas as editoras brasileiras acordaram para as letras feitas à mão. Para quem só tinha o livro A Arte da Caligrafia, de David Harris, lançado em 2009 e já esgotado, foi bom ver a biblioteca crescer com os últimos lançamentos:

Tenho alguns desses livros e pretendo publicar resenha dos mais recentes.

Exposição de caligrafia Yi

Trabalho em exposição na UFSC

Em julho, uma exposição no meio de um congresso de antropologia na UFSC mostrava os costumes e as artes da etnia Yi, da China. Entre roupas, utensílios e painéis, havia um conjunto de obras de caligrafia, numa escrita que eu desconhecia. Mesmo procurando no Google, não achei muita informação sobre o estilo. Por isso, tirei fotos e escrevi um post.